Eu entrei em Alfama, para ouvir
Ali num esconso beco empedrado
O carpir duma guitarra a trinar,
Um convite, uma porta a entreabrir
Lá dentro a tradição do Embuçado
Na taverna dum bairro á beira-mar!
Arqueadas, três vigas de Madeira,
Um leque de velas num castiçal
E o Santo Padroeiro de Lisboa,
Aguarela de fado, altaneira
No esboço que matiza sem igual
A história da canção que o povo entoa!
Vozes amigas e rostos fagueiros
Vão crepitando saudades, na chama
Que a memória reluz no Embuçado,
E à mercê de traços sobranceiros
Sinto-me preso nesta velha Alfama
E perdido na fama do seu fado!
Paulo Conde