Viver aqui
é angustioso, dilacerante
vegetativo e penoso
Andamos por aqui
a devorar tempo e a mastigar plástico
em rituais mórbidos
de bebedeiras heroinamente temperadas
Almas dilaceradas e inócuas
perversamente encaixadas
nos podres corpos
injectados de febres frias de amor
Fecundamos máquinas de sexo virtual
com um prazer sórdido
de êxtase mal segregado
abortamos solidão
educamos o ódio na escola do vicio
Decapitamo-nos
com navalhas frias de tédio
sangramos raivas e medos
recalcados e amordaçados
que não dizemos
que não falamos
Somos um povo
silenciosamente revoltado!
Paulo Conde